Congratulo-me com o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais pela feliz iniciativa de realizar este Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil, que contou, de imediato, com o total apoio e apreço da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, nossa anfitriã. Agradeço à Sua Excelência, dom Claudio Maria Celli, por brindar nossa Conferência Episcopal com esta experiência pioneira, que se pretende repetir em outros países.
O agradecimento se estende também aos demais organizadores deste encontro e aos irmãos bispos que prontamente responderam ao convite do Pontifício Conselho e da CNBB e aqui se fazem presentes. Sua presença numerosa revela a consciência que o episcopado brasileiro tem do lugar da comunicação em nossa vida, em nosso ministério, em nossa Igreja, na evangelização.
Discutiremos neste encontro duas realidades que se interligam: comunicação e evangelização. Elas são como duas faces de uma mesma moeda a ponto de Puebla afirmar que “evangelização é comunicação” e que, por esta razão, “a comunicação social deve ser levada em conta em todos os aspectos da transmissão da Boa Nova” (Puebla 1063).
Os meios de comunicação social ampliaram de maneira incomensurável a capacidade das pessoas se comunicarem, vencendo as barreiras do tempo e do espaço. Com o advento das novas tecnologias de comunicação, especialmente a internet, constatamos, como previu McLuhan, que o mundo se tornou realmente uma “aldeia global”.
A Igreja, consciente da força e do alcance destes meios, os tem como indispensáveis aliados no anúncio da Boa Nova. Já em Medellin, há mais de 40 anos, a Igreja da América Latina compreendeu a imprescindibilidade dos Meios de Comunicação Social ao afirmar que, sem eles, não poderia cumprir sua missão de levar a Boa Nova de Cristo “até os confins da terra” (cf Mt 28,19). A Igreja reconhece que nestes meios está a “versão moderna e eficaz do púlpito”, como nos asseverou o papa Paulo VI (EN 45), por isso, não mede esforço para se fazer presente em todos eles.
O tema escolhido para este Seminário - Comunicação e evangelização no contexto das transformações culturais provocadas pelas novas tecnologias –, para além de sua relevância e atualidade, traz à tona uma realidade que desafia a Igreja na sua missão evangelizadora. Trata-se da nova cultura que nasce dos meios de comunicação e suas implicações no nosso cotidiano.
Na Conferência de Aparecida os bispos da América Latina e Caribe nos chamavam a atenção para este fenômeno da revolução tecnológica da comunicação, que marca o fim do Século XX e início do terceiro milênio, ao afirmarem que “a utilização dos meios de comunicação de massa está introduzindo na sociedade um sentido estético, uma visão a respeito da felicidade, uma percepção da realidade e até uma linguagem, que querem impor-se como autêntica cultura” ( DAp 45).
O papa Bento XVI, em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações deste ano, também faz menção a este tema ao afirmar que “as novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cultural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações e de construir comunhão”.
A Igreja no Brasil se mostra atenta às transformações culturais provocadas pelas novas tecnologias. O 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação, que começa no próximo dia 17, aqui no Rio de Janeiro, com uma temática rica e diversa, traduz bem o esforço da CNBB de dialogar de forma aberta e plural, com o complexo e maravilhoso mundo da comunicação. O documento de estudos da CNBB - A Comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil -, lançado no início do ano com vistas a provocar um sadio debate sobre o fenômeno humano da comunicação e, a partir da contribuição de nossas comunidades, elaborar um Diretório para a Comunicação da Igreja no Brasil, é outro indicativo do quanto a CNBB leva a sério a comunicação.
Neste contexto, o Seminário que agora iniciamos se constitui numa contribuição ímpar para a Igreja no Brasil. Já posso antever seus abundantes frutos para nossas dioceses, paróquias e comunidades traduzidos no compromisso com uma comunicação que leve as pessoas à plena comunhão umas com as outras, em Jesus Cristo. Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, alcance de seu Filho Jesus, comunicador perfeito do Pai, graça e bênção para todos.
Muito obrigado!
Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
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